Rodeia as origens desta família toda uma série de lendas que a
credulidade de inúmeros genealogistas e a passagem dos séculos tonaram difíceis
de desfazer.
A verdade, porém, é que elas nasceram da fértil imaginação de João
Soares Coelho, trovador e vassalo de D. Afonso III, tendo por base o desejo
de aquele algo modesto fidalgo se engrandecer, a si e à sua ascendência,
através da adaptação a um antepassado de uma fábula que, originariamente,
lhe era estranha.
João Coelho era, com efeito, descendente por via bastardia de um dos
filhos bastardos de D. Egas Moniz «de Riba-Douro», e terá decidido
transformar-se e aos seus representantes daquela linhagem, apesar de não
terem herdado nem sequer um dos seus únicos bens patrimoniais.
Para tanto, chegou a maquilhar o momento funerário de D. Egas Moniz, para
o decorar com cenas da aventura que lhe atribuíra. Heraldicamente, no
entanto, aquele trovador deixou marcada a sua diferença em relação aos
verdadeiros ramos da descendência legitima de D. Egas Moniz.
Os Coelhos descendentes de Duarte Coelho, e que tendo sido capitães de
Pernambuco, originaram os Albuquerques Coelho do Brasil usam armas
diferentes, que àquele foram concedidas por carta de 6 de Julho de 1545.
A Nicolau Coelho, piloto e navegador que comandou a caravela Bérrio da
frota que sob o comando de Vasco da Gama fez a descoberta do caminho marítimo
para Índia, foram também concedidas armas novas.
Armas
De ouro, um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho, carregado
de três faixas xadrezadas de azul e ouro; bordadura de azul, carregada de
cinco coelhos de prata, malhados de negro.
De Duarte Coelho: de ouro, um leopardo passante de púrpura acompanhado à
dextra de uma cruzeta de negro, sustida de um monte de verde em ponta; chefe
de prata, carregado de cinco estrelas de seis raios de vermelho, postas em
faixa; bordadura de azul, carregada de cinco castelos cobertos de prata,
aberta e lavrados de negro. Timbre: o leopardo do escudo.
De Nicolau Coelho: de vermelho, um leão de ouro armado, e lampassado de
azul, sendo cada padrão rematado por um escudete de azul, carregado de
cinco bezantes de prata postos em aspa. Timbre: o leão do escudo.